Virando a página para trás

É difícil avaliar a repercussão e os desdobramentos da decisão de Edson Fachin que, de uma só vez, monocraticamente, considerou sem validade todas as condenações de Lula. O ministro decidiu que a Vara Federal de Curitiba era incompetente para julgar os processos do ex-presidente, remetendo-os à Justiça do Distrito Federal.

  • É mais fácil pensar no que a motivou. Muito se especulou que Fachin sabia que seria derrotado na Segunda Turma, antecipou-se a ela e deve ter tentado esvaziar a provável suspeição de Sergio Moro, artífice das condenações. Se houve isso e a manobra terá sucesso não se sabe. Depois que se decidiu liberar a Lula os áudios da Vaza-Jato, era só questão de tempo soltar as amarras do ex-presidente, fazendo com que os processos voltassem à estaca zero.

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Preso ou solto, Lula continuará vivo. Não há como ser sumariamente descartado da política brasileira. Há muitos recursos que podem ser mobilizados em termos simbólicos, ideológicos, organizacionais e partidários para mantê-lo ativo, seja como fator de interferência na política, seja como mito, herói ou mártir.

Sobre verdades e mentiras

Mentiras têm pernas curtas. Não é preciso gostar do Dr. House para achar que todos mentem. A mentira verdadeira de Palocci é coerente, bate com outros relatos e desvenda um mapa articulado. Já a verdade nem tão verdadeira de Lula sustenta-se exclusivamente em negativas.

Um depoimento para a história que um dia se contará

Palocci cruzou o Rubicão: tornou-se um acusador. É assim que está tentando assinar seu próprio pacto com Moro. Sendo ele quem é, sabe que precisará derramar muito sangue para obter algum tipo de benefício expressivo. Terá de entregar mais coisas, valorizar o próprio passe.

À beira do precipício

A crise não se deve ao governo em sentido estrito, ao Poder Executivo. Michel Temer, seu ministério e suas práticas merecem toda a crítica que lhes tem sido feita. Mas não são a parte principal. A crise envolve tudo o que respira na política nacional: parlamentares, juízes, procuradores, partidos, sindicatos, intelectuais, ativistas.