O “golpe” como disciplina universitária

O debate de temas políticos é corriqueiro e saudável nas universidades. Há que se estudar o processo que levou ao afastamento de Dilma Rousseff. O perrengue só surgiu porque associou-se ao impeachment a palavra “golpe”, o que sugeriu um alinhamento automático às diretrizes das oposições petistas e lulistas. E porque um ministro invadiu seara que não lhe cabe. Alimentou-se, assim, uma fogueira que, a essa altura, já deveria estar apagada.

A descoberta da universidade

Sou parte de uma geração que cresceu com uma noção longa do tempo. Formei-me em 1972 e comecei a dar aulas em 1973, na Escola de Sociologia e Política e na PUC de São Paulo. Pude fazer isso aos 23 anos de idade não porque tivesse pressa (e muito menos por possuir talentos especiais), mas porque a universidade daqueles anos podia assimilar os jovens.

Sereias e tentações

Sempre me deixei levar por tentações envolventes, que me arrebataram e muitas vezes me confundiram. Apesar disso, não creio que tenha evoluído como um ser dividido. Hoje, considero que a tensão que me tem sido constitutiva como intelectual é a responsável maior pelo “equilíbrio” que julgo ter alcançado na vida profissional e pelo modo como se dá minha inserção no mundo das ciências sociais.

Visão de conjunto

Uma trajetória de vida intelectual não é obra de uma nota só. Envolve diferentes pessoas, passa por instituições e se articula em torno de múltiplas fases, muitas vezes conflitantes entre si. Não é um percurso inteiramente consciente, definido de antemão, programado com régua e compasso.