Biografia

Uma trajetória de vida intelectual não é obra de uma nota só, tanto porque envolve diferentes pessoas e instituições, quanto porque articula distintas fases, muitas vezes conflitantes entre si. Não é um percurso inteiramente consciente, definido de antemão, programado com régua e compasso.  Somos o resultado de processos que não controlamos, de oportunidades e coincidências, de “necessidade e acaso”, de opções que se nos impõem e que depois aprendemos a direcionar. É pura arrogância tentar contar a própria história como se fosse uma sucessão planejada de eventos logicamente concatenados, como se um estivesse contido no outro e o complementasse.

Toda trajetória – sobretudo quando visualizada no correr de um lapso de tempo razoável – contém um eixo que lhe dá unidade e alguma coerência.

Apresentações de tipo autobiográfico podem ser elaboradas de muitas maneiras, privilegiar aspectos distintos, concentrar-se mais em uma fase que em outra. Podem ser descritivas ou analíticas, protocolares ou substantivas, políticas ou intelectuais. Em qualquer de suas versões, almejam ser uma narrativa de fatos e ideias gravados na memória, dos quais o autor tem conhecimento direto e com os quais busca fundamentar seus méritos e os motivos que o levam a reivindicar alguma consideração.

O que se vai ler nos diferentes textos que pretendo reunir neste tópico contém um pouco disto tudo. Reflete um esforço para encontrar algum equilíbrio entre aquelas distintas dimensões. Seu eixo, porém, é intelectual, porque acredito que é em torno dele que se pode avaliar o quanto fiz e quanto deixei de fazer, bem como os erros e acertos que cometi, as promessas que cumpri e deixei de cumprir. Ou seja, para que leve em consideração os ingredientes, sucessos e tropeços de que são constituídas as trajetórias de vida.

Uma visão de conjunto

Formei-me em ciências políticas e sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1972. Sou doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (1983), pós-doutor pela Universidade de Roma (1985) e livre-docente (1997) pela Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Araraquara.

Desde 2007, sou professor titular de teoria política na UNESP. De 1987 a 1991, fui diretor de publicações da Fundação para o Desenvolvimento da UNESP – Fundunesp, cargo a partir do qual organizei e dirigi a Editora UNESP. Em 2011, participei da criação do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais – IPPRI, da UNESP, onde atuo como professor do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais “San Tiago Dantas” (UNESP, Unicamp e PUCSP). Fui Coordenador desta instituição entre 2011 e 2015. Atualmente, sou coordenador científico do Núcleo de Estudos e Análises Internacionais – NEAI, do IPPRI.

Sob a coordenação de Carlos Nelson Coutinho e Luiz Sérgio Henrique, colaborei na tradução (1999 a 2002) para o português dos Cadernos do Cárcere, obra do pensador marxista italiano Antonio Gramsci. Traduzi inúmeros livros de Norberto Bobbio e escrevi diversos livros, artigos e ensaios sobre temas de teoria política, sociologia da modernidade e gestão pública. Juntamente com Geraldo Di Giovanni, organizei e editei o Dicionário de Políticas Públicas (Editora UNESP, 2ª ed., 2015).

Atualmente, participa dos Conselhos Editoriais da revista italiana Crítica Marxista e das revistas Perspectivas, Sinais Sociais e Política Democrática.

Fui colaborador dos semanários Opinião (1974-1976) e Movimento (1976-1977), co-editor das revistas Temas de Ciências Humanas (1977-1981) e Presença (1983-1985), além de editor-chefe do jornal Voz da Unidade (1982). Escrevi no Jornal da Tarde e desde 2004 sou colunista de O Estado de S. Paulo, em cuja plataforma também mantenho um blog.

4 comentários em “Biografia”

  1. Ouvi , hoje na rádio cultura , a entrevista do Cientista Marco Aurélio Nogueira com o Jornalista Sergei Cobra. Apreciei muito. Fico agradecida aos dois competentes profissionais. até outra oportunidade de enriquecimento de idéias. Ada Maria Marques, 05.10.2020

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  2. Boa tarde! Espero que o sr. esteja bem!
    Tenho lido sua coluna do Estadão e por favor, gostaria de orientação. Assistimos ao genocídio que este governo comete, não impassivos, mas receosos e angustiados. Não gosto da ideia de manifestação nas ruas por causa da pandemia e receio de truculência policial, pois ao meu ver quem sofre mais com ou sem manifestações, ainda são os mais pobres e considero injusto e sem propósito. Não entendo o mecanismo do governo, não sei quem pode interferir nesta situação desgovernada. O sr. por favor, poderia me explicar se adianta escrever para senadores, deputados, promotores ou ministros , ou se há algum caminho de comunicação mais adequado? Agradeço a atenção! E por favor, se cuide!

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    • Creio que o melhor é vc se informar pela imprensa, que é a principal fonte que temos. Manifestações de rua são perigosas, mas inevitáveis. A proteção aos mais pobres cabe aos governos. Em São Paulo,parece-me que muita coisa correta está sendo feita, mas o governo estadual cedeu aos empresários e decidiu flexibilizar o isolamento. Já o governo federal, como vc bem observa, não se preocupa com a situação. Quem pode interferir nessa situação é a sociedade e o Congresso Nacional, apoiado pelo STF. São coisas que estão acontecendo, mas infelizmente ainda numa velocidade lenta.

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