A hostilidade como procedimento
Bolsonaro cria inimigos para lhes atribuir as dificuldades de gestão e, ao mesmo tempo, para agregar sua base mais fanatizada.
Bolsonaro cria inimigos para lhes atribuir as dificuldades de gestão e, ao mesmo tempo, para agregar sua base mais fanatizada.
Um presidente que se comporta como chefe de facção e se move por reações intempestivas é uma tragédia anunciada.
Sua atuação contribuiu para que se formasse na Casa uma ala favorável ao entendimento interpartidário e à mediação de conflitos.
Falta ao governo um bom ministério, capacidade de articulação política e liderança. A hostilidade como procedimento agita, mas não o faz governar. Leva-o a derrubar pontes e a criar desertos por onde passa.
O bolsonarismo é antes de tudo um sentimento, que se alimenta da desorganização dos cidadãos, do ressentimento, da sensação social de que não se pode confiar nos políticos. Por isso, vive nas redes, onde pode exibir uma força de que não dispõe.
Política é divergência, mas há nela um vórtice que aproxima as pessoas umas das outras. Descalabros governamentais fazem com que os pedaços que antes se combatiam entre si percebam que o Mal está em outro local
A prisão de Temer é mais um capítulo no ajuste de contas da Justiça com o sistema político — um ajuste que precisa ser conduzido com inteligência estratégica e republicanismo, para que não se substitua o que estava ruim por algo ainda pior
Impulsionado pelo protagonismo raivoso e paranoico dos filhos de Bolsonaro, o governo parece disposto a atirar nos próprios pés, como se isso fosse prova de ousadia e destemor.