Oferta de tirar o fôlego

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Com 15 candidatos e pouca clareza, eleições municipais em São Paulo são uma prova de fogo para a democracia

Com a entrada no páreo de Celso Russomano, pelo Republicanos, serão 15 candidatos à prefeitura de São Paulo nas próximas eleições. Uma oferta de tirar o fôlego, tipo liquidação.

O deputado representará o bolsonarismo, com uma dose adicional de puro oportunismo. Correrá mais uma vez por fora, tentando pegar o vácuo.

É preciso entender a lógica do jogo. Partidos usam as eleições municipais para se cacifarem, ganharem musculatura e visibilidade, sondarem o terreno. Cada pedaço partidário, mesmo os mais inexpressivos, apresentam candidatos com finalidades variadas e bastante personalismo. Querem competir, precisam disso para respirar. As chances são nulas para a maior parte deles, mas a luz dos holofotes os atrai como mariposas. Perder não é grave: é o efeito colateral de planos maiores, de resto obscuros.

Reflexo de uma situação mais geral, os partidos continuam toscos e autocentrados. Vêem as árvores e o mato que os cercam, não  o todo (a floresta).  Importam-se pouco com a desgraça política que se abate sobre o País e esguicha sobre estados e municípios.  Não se articulam entre si para enfrentar o mal maior. Não se distinguem claramente entre si. Preferem combater o mau combate, pondo em ação suas máquinas de produção de maldades e nulidades, como se desejassem tão somente distrair o povo. Nada falam dos candidatos a vereador, do que pretendem fazer se chegarem à Câmara Municipal.

Enquanto isso, Bolsonaro finca uma estaca no coração político do País.

As esquerdas, que em outras eleições esforçaram-se para exibir alguma unidade, desta vez largaram a mão. Atiram para todos os lados, engalfinhando-se entre si.

O problema não seria grave se os partidos ao menos tivessem uma ideia sobre o que farão no segundo turno. Lançam os dados para ver no que vai dar.

Menos pior que a chapa de Bruno Covas,  candidato à reeleição, conseguiu compor um leque de partidos de centro-esquerda que lhe dará, não tanto maiores chances de vitória, mas uma oportunidade preciosa para fazer uma campanha democrática mais ampliada, que pense a cidade para além das urnas presentes e futuras.

Se fará isso mesmo é algo a ser visto.

Analisado de modo abrangente, é um cenário ruim para a democracia, um desafio, uma prova de fogo. Revela uma situação que não deixa muitas esperanças para as etapas políticas  que virão na sequência. Não se trata de exclusividade paulistana, mas de um traço da cultura política nacional, que se repete em diversas localidades.

Em 2018, nas eleições presidenciais, foi um cenário assim que nos fez chegar ao precipício em que estamos hoje.

 

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