
O identitarismo como avanço e como problema
No atual quadro político, há muita “guerra cultural” e muita ênfase nas diferenças, mas falta uma ideia compartilhada de país.
Os partidos políticos vêm representando, ao longo da história, os principais canais institucionais que moldam, dão forma e sentido ao poder político, ponto fulcral nas democracias representativas. Neste artigo publicado na Revista Será?, busco incorporar as mudanças estruturais e seu impacto no lugar dos partidos na democracia representativa, para compreender suas possibilidades de futuro. Continuarão a existir partidos políticos como usinas de ideias e programas ou estão eles destinados a desaparecer? Que mudanças deverão sofrer para voltar a contribuir para a qualificação da democracia?
No atual quadro político, há muita “guerra cultural” e muita ênfase nas diferenças, mas falta uma ideia compartilhada de país.
No atual cenário internacional, um país como o Brasil precisa se movimentar com largueza de visão e flexibilidade. Sua política externa está obrigada a dialogar com todos, sem inflexões atabalhoadas ou preferências ideológicas.
O anticomunismo tem funcionado, entre nós, como combustível para diferentes modalidades de autoritarismo: um expediente tosco, cômodo e conveniente para contestar o sistema democrático
O novo governo nasceu minoritário nas instituições, com estreita maioria eleitoral e pouca folga para compor uma forte base de apoio. Precisa matar um leão a cada dia.
O governo precisa se empenhar na formação de uma base democrática de sustentação na sociedade e no Congresso. Que não será, por óbvio, a que se formou para eleger Arthur Lira, que só o apoiará se for cevada com muitos favores.
A terra ainda treme. Além da tensão inerente ao pós-golpe, há as sequelas do período Bolsonaro e a necessidade premente de que o governo mostre a que veio.
Destruições não pavimentam nenhuma via para o poder, mas podem insuflar os que têm cabeça e força para fazê-lo. Foi esse o perigo que rondou a capital federal no dia de ontem
Eleito por diversos partidos, Lula diz que o seu “não será um governo do PT”. Mas a “Frente Ampla” está suspensa no ar, instabilizada por setores petistas e pelas alas fisiológicas do Congresso.
A melhor chance de sucesso do governo Lula está no fortalecimento da coalização democrática que o apoiou nas urnas do segundo turno
Tanto quanto nas articulações de cúpula, o novo governo precisará se dedicar a convencer a sociedade de que é preciso virar a página e reerguer o País
A decantada união nacional dependerá muito do que vier a fazer o novo governo. Mas não nascerá somente dele. As forças democráticas, seja onde quer que estejam, precisarão dar sua contribuição.
Votar em Lula é, no mínimo, uma medida cautelar, uma manifestação de cuidado e preocupação com o Brasil. É uma aposta na democracia e na civilidade