Bolsonaro e Ciro no Jornal Nacional

Amílcar de Castro. Acrilica sobre tela.
Amílcar de Castro. Acrilica sobre tela.
Ao abrirem a série de entrevistas no telejornal, os candidatos suportaram a pressão, mas mostraram diferenças enormes entre si

Foi oceânica a distância entre as entrevistas de Jair Bolsonaro e Ciro Gomes no Jornal Nacional, segunda 22 e  terça-feira 23 de agosto.

William Bonner e Renata Vasconcelos seguiram um script: atazanar a vida dos candidatos, colocá-los contra a parede, evidenciar suas contradições e suas insuficiências. Os candidatos também tinham seus roteiros. Ambos queriam mostrar resiliência, capacidade de resistir ao tiroteio e mostrar algum serviço, o que, numa eleição, significa apresentar propostas.

Ciro se saiu muito melhor que Bolsonaro. Por dois motivos. Primeiro, porque é um político propositivo, cheio de ideias e soluções, que nem sempre são realistas mas são sempre apresentadas com um condão de magia que impressiona e pode seduzir. Segundo, porque é um candidato menos exposto e contou com uma postura menos agressiva dos jornalistas.

Aproveitou bem o tempo disponível, valendo-se da fluência da fala, um de seus grandes atributos. Tropeçou pouco, não gaguejou nem vacilou, mesmo quando  questionado sobre a viabilidade de suas propostas e sobre os reais efeitos que teriam na vida brasileira.

Já o atual presidente estava visivelmente constrangido. Não se sentia à vontade tendo de ouvir as graves acusações feitas pelos jornalistas. Na maioria das vezes, desconversou e tentou mudar o foco. Conteve-se e não exibiu a conhecida brutalidade com que enfrenta situações desagradáveis.  Repetiu o que tem dito nos últimos anos: está fazendo um “ótimo governo”, dadas as circunstâncias difíceis da pandemia, da guerra ucraniana, da crise mundial. Como está no cargo há quatro anos, buscou se apresentar como um governante que distribuiu bondades e benefícios ao povo. Chamou para si decisões que não foram suas, como no caso do Pix, por exemplo. Mentiu em vários momentos, mas não perdeu o controle. Suportou a pressão.

Pode ser que Bolsonaro tenha ganhado mais do que perdido, mas a imagem por ele exibida não foi a de um governante firme, ousado e com um programa a ser realizado.

A distância oceânica entre ele e Ciro ficou patente justamente aí.

Bolsonaro falou mais do mesmo e se preocupou em se proteger. Nada ofereceu a não ser a continuidade.

Ciro se comportou com um buquê de flores frescas nas mãos, coisas que vem repetindo mas que soam como novidade para os eleitores. Mostrou-se determinado e ousado, ainda que deixando no ar as soluções que concebe para governar o País.

As atenções, agora, estão voltadas para o que acontecerá com as entrevistas de Simone Tebet e, especialmente, de Lula. O quadro, então, ficará completo.

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