O último dia e o futuro que já chegou

Zebu, The Street Art Duo. Berlim
Zebu, The Street Art Duo. Berlim
Estamos convivendo com os picos de um iceberg que não está sendo bem compreendido e nos confunde.

Fogos de réveillon e champanhe estourando para comemorar o rendimento da Bolsa, a reforma previdenciária, a recuperação do PIB.

Nenhum país anda só com as pernas da economia. Depende de coisas que têm alto poder de determinação. Da política, antes de tudo. Tanto do desempenho governamental quanto da presença de oposições vigorosas e com clareza de propósitos. Estamos mal em ambos os cenários.

Haverá retomada do emprego, como tanta gente fala e espera? Com o governo aloprado que está aí? No capitalismo 4.0, movido a tecnologia? Até quando iremos falar que a informalidade é “precarização” e deixar de vê-la como um fato da vida, que precisa ser assimilada com políticas inovadoras? “Uberização” só é demonizada por quem está no conforto de um emprego com carreira, proteção e estabilidade, ou por gente que vê o mundo com as lentes dos princípios abstratos, moralizantes. Para o resto, é ralação pura e luta pela vida. Algo a ser regulamentado melhor, com certeza, mas também algo que veio para ficar. Assim como o “empreendedorismo”, que tanta gente amaldiçoa sem saber bem do que está falando e sem considerar que há um desejo socialmente posto de empreender.

São os picos de um iceberg que não está sendo devidamente compreendido e nos confunde.

Quem sabe em 2020?

Na Avenida Paulista, em São Paulo, a passagem do ano será comemorada com fogos de artifício sem estampido, ou seja, luzes e desenhos mágicos sem barulho. Na política nacional, o ano passou com muitos estampidos e sem a beleza dos artifícios. Prestamos mais atenção nas frases gritadas e ofensivas do presidente do que nos atos que estão a remodelar as bases do País e que ele, o presidente, nem faz ideia de que acontecem. No futuro que já despontou, precisaremos dar um passo à frente.

De resto, meus amigos, o melhor mesmo é fazermos aquilo que sabemos ser infalível: mais empatia, menos agressividade, mais serenidade, menos virulência, mais reflexão, menos certezas, mais diálogo, menos falatório, mais resiliência, menos conformismo, mais solidariedade, menos individualismo.

Bom ano novo a todos.

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elizabeth Bello
4 anos atrás

Bom Ano para você também, Marco Aurélio !
Que você continue nos alimentando com suas reflexões ,que nos faz sentir menos sós…
Abraço
Beth

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