Preso Queiroz e decidida a sorte de Weintraub, é hora de pensar nos desdobramentos. O impacto sobre o governo já pode ser sentido, com as lives que circularam, a começar da do presidente da República, visivelmente incomodado com a situação.
Weintraub sai, mas deixa uma terra arrasada atrás de si. Vai cantar em outra freguesia, exportar para o Banco Mundial seu comportamento bufo e sua comprovada incompetência. Será um soldado do antiglobalismo no coração de uma instituição global. Ver para crer. A imagem e os interesses do País? Ora, ora…
Foram 14 meses desperdiçados, desencadeadores de uma regressão trágica, que só não foi maior porque os servidores da Educação — professores, diretores, auxiliares – souberam resistir. Nunca houve, e provavelmente jamais haverá, uma gestão tão inepta e atrabiliária em uma área tão estratégica para o País. Foi uma irresponsabilidade, pela qual pagaremos um preço.
Agora, duas questões estão na mesa.
A primeira é do sucessor. Pode ser mais do mesmo, com o prolongamento da agonia e do estrago. O governo já demonstrou ter disposição para fazer as coisas piorarem. Tem sido sua marca, seu estilo. Na bolsa de apostas, essa é a hipótese que dispara. A ideologia, o fanatismo e a inépcia administrativa permaneceriam no comando, sufocando a gestão educacional. Mas também pode ser que venha algum nome mais afinado com a área, mais educado e capacitado. Seria um ganho para todos, um pequeno balão de oxigênio para um governo moribundo e uma sensação, para os educadores, de que a tormenta pode estar amainando.
A segunda questão é a de sempre. Como recuperar a educação – a básica, a média, a superior – e prepará-la para prover os recursos de que o País necessita e a população merece? É um tema vasto, no qual estamos enredados há tempo e nos atravanca o futuro. Há bastante conhecimento agregado na área, mas ele não se traduz em termos de política educacional. O hiato entre o que se pensa e o que se faz é brutal, foi aumentando pouco a pouco.
Sabemos que não haverá futuro melhor sem a plena recuperação da Educação. Os jovens precisam voltar a gostar da escola, a respeitar e admirar seus professores, a aprender que o estudo é bom para a alma e é indispensável para que se progrida na vida. As escolas são casas civilizatórias e devem ser abertas para todos e a todos ofertar qualidade, informações, conhecimento, formação cívica.
Um novo patamar terá de ser construído, passo a passo, com firmeza e continuidade. Com o governo federal que aí está, a missão parece impossível. Com muita probabilidade, se nada acontecer, perderemos mais 30 meses, o que fará o buraco ficar ainda mais profundo.
Mas a Educação é uma área repleta de resiliência. Está acostumada a “sofrer” e a dar nó em pingo d’água. Tem anticorpos prontos para agir. É o que temos de melhor para seguir em frente.
Passa-se o mesmo com a Saúde.
O atual governo atual tem despendido esforço sistemático para destruir as duas vertentes mais importantes do Estado social brasileiro. Em ambas, o ataque foi pesado. Na Saúde, faltaram diretrizes nacionais e coordenação, agravadas pelos sinais genocidas emitidos pelo presidente, que o tempo todo questionou o que o próprio ministério defendia. Agora, com um interino se prolongando e atuando em consonância as posições presidenciais, a situação ficou ainda pior. Os mais de 50 mil brasileiros mortos pela COVID-19 são o resultado dramático disso tudo.
Como a Educação, a Saúde é uma área resiliente. O SUS tem se feito presente de modo decisivo, com profissionais que se distinguem pela qualidade e pela dedicação. Não fosse assim e a tragédia epidêmica seria ainda maior.
Na falta de governo, a resiliência tem sido um fundamental recurso estratégico.