Imagens de horror e decomposição

Almandrade. Semiótica do escândalo, 1976-2012. Serigrafia.
Almandrade. Semiótica do escândalo, 1976-2012. Serigrafia.
Servilismo, insensatez e covardia estão jogando o País num buraco de onde será difícil sair

A cena é simbólica, reveladora. O presidente, sem máscara, teatral, grosseiro e ignorante como sempre, detona os governadores que, na sua visão, querem instituir um “estado de sítio” no País. A seu lado, com máscara, o ministro da Economia surge constrangido, do alto de sua insignificância, com cara de tacho.

É o retrato perfeito de um governo retrógrado e sem rumo, com alas que convivem a tapas e beijos, com figuras inexpressivas e sem coragem de dar um “Basta” à insensatez presidencial para, assim, tentar se reencontrar com o bom senso, a ética, a moral.

Pouco antes da live presidencial, seu filho deputado federal deu sua contribuição para o bestialógico hoje prevalecente, mandando as pessoas “enfiarem a máscara no rabo”. Quis posar de coitadinho, um abnegado colaborador que viajou a Israel para tratar de assuntos de suma importância, sem tempo nem sequer para tomar um banho entre uma reunião e outra.

A turma governante perdeu o pouco que tinha de vergonha, de pudor, de empatia. Parece acuada, sem saber o que fazer. Os Bolsonaro, que se acham donos de tudo, agora tremem nas bases, pressentem que as cartas estão a lhes escapar, que há adversários ganhando corpo e voz. Estão se decompondo junto com a decomposição que promovem. Compensam isso com berreiros apopléticos, que tentam mobilizar e podem, sem dificuldade, instigar a fúria na sociedade, misturada com oportunismo, medo e ressentimento.

São flashes de um governo vergonhoso, que expõe o Estado brasileiro à chacota internacional, arrastando-o a uma deterioração sem precedentes em termos de imagem externa. Ninguém mais, no mundo, leva a sério o governo Bolsonaro.

Aqui dentro, porém, ele tem seguidores, fanáticos cegos, gente que pensa pouco e anda de costas para a realidade de um País que se acaba. Conta com a covardia de seus integrantes e apoiadores, que temem abandoná-lo e com ele se identificam, ou por temerem o ostracismo e a irrelevância, ou simplesmente por medo da “vingança” das engrenagens do poder. Esses subalternos preferem obedecer, endossando os crimes seriais que o governo comete sem sentir culpa.  São políticos, burocratas, economistas, gente do mercado, especuladores, muitos corruptos convencidos da impunidade. Last but not least, são militares, muitos militares, que jogam no lixo o que as Forças Armadas têm de melhor, triturando a imagem da corporação e tudo aquilo que ela se vangloria de possuir, a relevância, a seriedade, a disciplina, os serviços prestados.

Esse conjunto coonesta, no mínimo por omissão, todas as medidas insanas que estão jogando o País num buraco de onde será difícil sair, onde já jazem quase 300 mil mortos. Devem pensar que a “missão” de defender o Estado exige isso, o Brasil acima de todos.

São imagens de horror e decomposição, que estão arrasando as esperanças nacionais, pondo em risco milhões de vidas, destruindo a economia do País e inviabilizando o futuro.

O que esperam ganhar esses apoiadores com seu servilismo, com sua recusa a enxergar o que se mostra evidente para qualquer pessoa que vê a vida como ela é e como está ficando? Um dia a história julgará os descalabros cometidos pelo governo que integram e apoiam.

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