Enquanto o País assistia, estarrecido e incrédulo, à barbárie que tomou conta de Brasília no domingo, o chefe da turba disparava pelas redes sociais: a destruição vândala “foge das regras” das manifestações legítimas.
Bolsonaro falou para fingir que não estava em silêncio. Soltou palavras ao vento para ocultar sua verdadeira face: uma liderança incapaz de comandar e organizar e que vive a expectativa de que um bando de jagunços terroristas tome o poder e conquiste o Brasil. Falou não se sabe para quem, já que praticamente todos os seus antigos aliados condenaram os ataques, com a honrosa exceção de Ciro Nogueira. A bancada bolsonarista não se manifestou. Bolsonaro deve ter percebido que seu isolamento cresceu, e que talvez não tenha mais como ser evitado.
Os jagunços são gente perigosa, fanatizada, sem ideologia e programa, sem decência, sem noção de realidade. Fazem do escracho um credo, pensam que palavrões e coisas estúpidas fazem a diferença. São imorais. Nem todos seguem os desejos do chefe, mas isso, a rigor, pouca importância tem. O fato é que são pessoas dispostas a tudo.
Os atos de ontem foram de pura destruição. Foram preparados, financiados, comunicados, convocados. E tiveram caminho livre, desimpedido. Só conseguiram fazer o que fizeram porque houve conivência, tolerância, falhas de segurança e inteligência. Estímulos, que mexeram com os hormônios da turma.
Destruições não pavimentam nenhuma via para o poder, mas podem insuflar os que têm cabeça e força para fazê-lo. Foi esse o perigo que rondou a capital federal no domingo 8 de janeiro.
Pode ser que não surjam provas de que os Bolsonaros estiveram por trás de tudo. Politicamente, no entanto, sua responsabilidade está inscrita a ferro e fogo na história brasileira. Sua falta de amor à Pátria, sua pusilanimidade, os amigos que têm pelo mundo, sua falta de compostura e coragem cívica são daquelas coisas que causam vergonha e mancham qualquer reputação.
O bolsonarismo é maior que os Bolsonaros, o que o faz ser tão temerário. O repto de ontem foi endereçado ao novo governo, à República, à segurança nacional. Mostrou que não há limites para o fanatismo desorientado. Mostrou, também, que as defesas do Estado estão porosas, que falta inteligência institucional, que há muita contaminação ideológica nos órgãos de segurança, que carecem de comando e de postura republicana. Conivência e cumplicidade ficaram evidentes.
Não dá ainda para saber qual será o desfecho disso tudo. Apuração de responsabilidades, um bom número de prisões e punições compõem o mínimo razoável em um Estado de direito. Se não acontecerem, a desmoralização se agigantará.
Os estragos de ontem sugerem que há muito material humano disposto a se bater por uma insurreição. A crise é grave porque conta com a desconfiança da população em tudo o que diz respeito a instituições, rotinas, protocolos e atos públicos. A falta de educação cívica é chocante, se esparrama pelas bases da sociedade. Sem enfrentar esse problema, seguiremos em estado de tensão e incerteza.
O domingo 8 de janeiro desafia o governo Lula, que terá de saber responder a seus efeitos e a suas determinações sociopolíticas. A consolidação democrática, a reconstrução, as novas políticas públicas precisarão levar em conta o quadro que ficou exposto à luz do dia e que nos ameaça a todos. Não dá para fazer de conta que está tudo bem.
ESFORÇO ENORME PARA ACALMAR INDIGNAÇÃO
Não mais tenho paciência para aturar mais a presença desse “elemento” conhecido como “Jair Messias”, todo dia a esgotar jornais!
Quem está com a vida está a se esgotar sou.
E ainda para cúmulo, tenho de ler manifestações do Min. Marco Aurélio Mello, depois de 08/01/2032 dizer (enlanguescidamente) a respeito de sua reversão sobre Alexandre de Morais: “é preciso investigar”!! Ora essa! Depois de tudo exposto aos olhos de todo mundo, o ilustre ministro plácidamente ainda “vai investigar”?
A ter mais estômago para prologar essa agonia, ou desaprender escrita e leitura, será preferível morrer antes!