
Diário do Confinamento 14:
Para além do moralismo
A divulgação do vídeo da reunião de 22 de abril mostrou o nível a que chegamos, uma tragédia mais extrema do que havia sido antevisto, o pior dos pesadelos

A divulgação do vídeo da reunião de 22 de abril mostrou o nível a que chegamos, uma tragédia mais extrema do que havia sido antevisto, o pior dos pesadelos

Os democratas brasileiros – de centro, liberais, conservadores, de esquerda – se deixaram dividir por excessos, querelas ideológicas, batalhas infrenes de poder. Agora, chegaram à hora da verdade.

Em São Paulo, a população ou não tem como aceitar a quarentena, ou a ignora e boicota. É uma prova do déficit que temos em termos de relacionamento entre o Estado e os cidadãos.

Quem a defende como elixir milagroso pratica uma farsa, é um charlatão que quer faturar em cima da desgraça e da ingenuidade alheias.

Osmar Terra previu que o coronavírus causaria no máximo 800 óbitos. Agora, diz que o problema é sério. Mas segue banalizando: o que são 11 mil mortos perante a desgraça econômica que a quarentena produz?

No dia em que uma comitiva de empresários conduzida pelo presidente invadiu o STF, Regina Duarte mostrou o papel que está disposta a representar na tragicomédia nacional.

A democracia tem mecanismos para conter governantes que a ameaçam. Quem irá ativá-los? Quando?

Acuado, o bolsonarismo arma um golpe para se prolongar no poder. O caos, o horror, a confusão formam a pista em que sabe caminhar. A saída é incrementar a racionalidade democrática, antes que seja tarde demais