Pular para o conteúdo

Marco Aurélio Nogueira

  • Home
  • Trajetória
    • Ensaios
    • Livros
    • Traduções
    • BLOG/ESTADÃO
  • Política
  • Entrevistas
    • Entrevistas | Vídeos
  • Conferências
Menu
  • Home
  • Trajetória
    • Ensaios
    • Livros
    • Traduções
    • BLOG/ESTADÃO
  • Política
  • Entrevistas
    • Entrevistas | Vídeos
  • Conferências

Marco Aurélio Nogueira

  • Home
  • Trajetória
    • Ensaios
    • Livros
    • Traduções
    • BLOG/ESTADÃO
  • Política
  • Entrevistas
    • Entrevistas | Vídeos
  • Conferências
Menu
  • Home
  • Trajetória
    • Ensaios
    • Livros
    • Traduções
    • BLOG/ESTADÃO
  • Política
  • Entrevistas
    • Entrevistas | Vídeos
  • Conferências

Home » Possibilidades realistas para 2021

Ilustração Francesco Astiaso Garcia
Ilustração Francesco Astiaso Garcia

Possibilidades realistas para 2021

  • 05/01/2021
Entre temores e esperanças, 2021 será um teste para o realinhamento político dos democratas e o reposicionamento das esquerdas

Todo início de ano é a mesma tentação. Desejamos decifrar o futuro, projetar nos próximos 360 dias nossas expectativas e torcidas, nossos temores e preocupações. Não há como evitar, por mais realistas que sejamos.

Olhamos para frente e divisamos mais sombras do que luzes, porque, afinal, trata-se de história, processo que não se submete a controles e não pode ser programado. São homens e mulheres em movimento, fluxos incessantes, antagonismos e contradições que se chocam.

Falamos, quando muito, em possibilidades e probabilidades.

Vacinas e vacinação

Essa é uma área em que se misturam medos e esperanças. Mesmo quando não vemos os imunizantes como a eliminação cabal e definitiva do vírus, estamos convencidos de que eles são um passo gigantesco nessa direção. Milhões de vidas poderão ser poupadas, ainda que as precauções tenham de continuar.

Duas constatações. O governo não agiu até agora para viabilizar a vacinação. Não há cronograma, não se sabe de que vacinas o País irá dispor. A sensação é de que estamos no vácuo, numa zona de penumbra e incerteza. O negacionismo duro do bolsonarismo é agravado pelo negacionismo light, dissimulado, seguido por aqueles que lotaram praias e praças na comemoração do réveillon e por aqueles que relativizam essa conduta, alegando ser ela um momento de “desafogo” de gente que ralou o ano inteiro na quarentena e merece ter alguns momentos de diversão.  É uma espécie de manicômio a céu aberto, com “narrativas” e performances. Seu emblema foram as férias do presidente no Guarujá, marcadas pela conduta grotesca daquele que deveria zelar pelo bom exemplo em um momento em que o vírus expande seu poder de contaminação no País. O presidente acredita que está a combater o “sistema”, quando na verdade faz um ataque à vida. De quebra, insufla sua galera de fanáticos, com uma fileira de conflitos artificiais. Fica em evidência, mas a cada dia mata um pouco mais a sociedade.

Duas possibilidades. O governo federal desperta para o problema e permite que o ministério da Saúde coordene a vacinação, agilizando-a ao máximo. É uma possibilidade que colide que os serviços prestados pelo governo até aqui, que foram, na verdade, um enorme desserviço. Parece ser da natureza do governo atual flertar com a desgraça. A equipe ministerial é péssima, o presidente circula como barata tonta sem tomar qualquer atitude a não ser proteger a família, promover aglomerações macabras e espalhar o vírus. Não temos governo, a rigor.

A segunda possibilidade, que dialoga com a primeira, é a vacinação ser empreendida a ferro e fogo pelos entes federativos subnacionais, secundados por clínicas particulares, que já começaram a falar em comprar lotes de vacinas para vender aos que puderem por elas pagar. É uma possibilidades que aprofundará a desigualdade social e que terá baixo impacto epidemiológico, além de sacramentar a injustiça em que vivemos. Dada a inação governamental, porém, ela não pode ser descartada.

Talvez fiquemos entre uma e outra em termos de probabilidade. A pressão social pela vacinação será a cada dia maior, mesmo que o governo siga negando o problema. Tenderá a reduzir os apoios ao presidente e, com isso, a tornar mais difícil a continuidade do governo no padrão em que se encontra. Como ele passou a depender dramaticamente do “centrão”, já se fala em reforma ministerial, que poderá trazer alguma melhoria pontual sem, no entanto, mudar o modo de ser do governo, que a essa altura parece cristalizado.

Não podemos, pois, jogar todas as fichas numa única casa.

A oposição democrática

Poderá ter papel decisivo, seja no processamento da vacinação, seja na contenção dos apetites autoritários e grosseiros do governo, podendo exercer alguma função em termos de correção de rota. Evento extremamente importante será a eleição para a presidência das duas casas legislativas, em especial a da Câmara. Antes de tudo, porque se o governo conseguir controlá-las, o caos atual tenderá a se prolongar e a sociedade civil perderá um aliado fundamental. Depois, porque os arranjos que se fazem em torno da candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) antecipam em boa medida o que poderá ser feito em 2022: uma articulação centrista aberta para a esquerda, voltada tanto para a independência da Câmara quanto para a sedimentação de alianças de tipo programático, com uma inflexão progressista, o que fará com que o campo democrático se coloque como o grande ator de 2022.

Outra possibilidade passa pelo fracasso dessa articulação, seja pelo motivo que for. Nesse caso, com o governo mandando na Câmara, aos democratas só restará temer o pior. Culpas serão distribuídas, acusações de traição se acumularão e o clima ficará mais tóxico. Crescerá a probabilidade de que a oposição democrática não disponha de fôlego para virar a mesa em 2022.

Ao longo do ano novo, assistiremos a uma intensa movimentação no campo democrático. Tanto na área da centro-direita quanto na esquerda esforços terão de ser feitos para que se  apaziguem os apetites e as ambições de seus integrantes. Há muitos caciques salivando, outros querendo se viabilizar, nomes em cogitação, enorme indefinição. De um lado, DEM, PSDB e MDB terão de se acertar e ver o que acontece com o PSD. De outro, PDT e PSB precisarão definir seu relacionamento com o PT e esse, em particular, terá de resolver todas as questões que, nos últimos anos, sacrificaram boa parte de seu prestígio e de seu poder de fogo.

A esquerda

Ainda que não esteja no melhor de suas forças e viva mergulhada em dúvidas existenciais e limitações, a esquerda precisa ser analisada com atenção no ano político que se abre. Realismo máximo: ela tem peso e agrega pessoas, desconsiderá-la é olhar o mundo de maneira torta. Mas a ótica realista também precisa ser praticada pela própria esquerda: ela precisa reconhecer que ainda lambe suas feridas, está se recompondo e disputando território. Não pode mais confiar em um Lula imbatível, pois as circunstâncias mudaram drasticamente. Sendo um político bastante pragmático, Lula deve saber disso e não parece razoável apostar que ele saia candidato em 2022, mesmo que seja inocentado na Justiça. Seu apoio a um nome petista puro-sangue ou a alguém externo ao PT também não garante bônus, pode mesmo ser um fator de ônus, como mostraram as eleições municipais de 2020. Muitos atritos podem ser antevistos aqui.

Caso a vontade de autonomia da esquerda prepondere e ela navegue em 2021 colidindo com a formação de um centro democrático progressista, teremos em 2022 duas possibilidades: ou a esquerda modera seu antagonismo, afirma-se no primeiro turno e converge no segundo para uma candidatura centrista, ou se radicaliza e passa para o segundo turno sem conseguir o apoio ativo do centrismo, todos sendo então derrotados pelo bolsonarismo.

2021 será, pois, um teste para o realinhamento político dos democratas e o reposicionamento das esquerdas. Será um ano para que uns e outras esclareçam suas pretensões e mostrem, aos brasileiros, como estão a pensar a vida, o que pretendem e o que propõem. Já passou a hora de uma política com “P” maiúsculo ser mais forte do que os cálculos rasteiros, o oposicionismo retórico e os protagonismos autorreferidos.

Marco Aurélio Nogueira

Marco Aurélio Nogueira

Cientista político brasileiro, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo e professor de teoria política na Universidade Estadual Paulista.

compartilhe

Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no print
Compartilhar no email

continue lendo...

Descoordenação geral

Leia mais »

Pessimismo e imaginação democrática

Leia mais »

Farol de lucidez

Leia mais »

Opacidade fulgurante e manobras autoritárias

Leia mais »

Deixe um comentário Cancelar resposta

Receba meus textos em seu e-mail

Inscreva-se abaixo para receber os textos mais recentes em seu e-mail.
Criação de Site por UpSites