Um guia para o mundo em que vivemos

Amélia Toledo, Campo de Cor. Azul.
Amélia Toledo, Campo de Cor. Azul.
Novo livro de Bernardo Sorj nos leva a uma viagem pelo mundo contemporâneo, com seus temas e problemas. Convida-nos à reflexão.
O cientista social Bernardo Sorj, professor titular de Sociologia da UFRJ, disponibilizou seu novo livro em formato ebook (PDF e Epub), para ser acessado gratuitamente por todos os interessados. É uma ótima iniciativa.
 
Já pelo título a gente sabe o que irá encontrar: “Em que mundo vivemos?”. E conhecendo a trajetória do autor, também sabemos desde logo que o resultado só pode ser bom, instigante, substantivo.
 
O livro é um dedicado esforço para analisar as relações entre democracia e capitalismo, dois polos complementares e conflituosos que evoluem entrelaçados. Com a mundialização, essa evolução foi turbinada, para o bem e para o mal. Por um lado, o capitalismo tomou conta do planeta, disseminando seus padrões e ficando fora de controle, com o que o mundo se viu mergulhado no risco, na destruição ambiental, no desemprego. A desigualdade cresceu, as economias nacionais passaram a girar com mais dificuldades. A vida se tornou mais integrada, a conectividade ligou povos e pessoas. A revolução tecnológica funcionou, aqui, como um fator de propulsão.
 
Por outro lado, os arranjos institucionais das diferentes sociedades foram postos em xeque. As estruturas sociais ficaram mais fluídas e estilhaçadas. O Estado nacional perdeu força agregadora e capacidade de regulação. A democracia representativa entrou em crise e em pouco tempo o autoritarismo voltou ao palco, a cavalo de movimentos fanáticos e reações fundamentalistas. A turbulência tomou conta da vida cotidiana. A humanidade passou a conviver com seus demônios, entre os quais está a alta circulação de patógenos, base da atual pandemia.
 
Ao longo dos dez capítulos do livro, somos levados a uma viagem pelo mundo contemporâneo, com seus temas e problemas. A “remercantilização”, a ascensão da direita autoritária, a crise da verdade, os conflitos culturais, a fragmentação social, as dificuldades dos sistemas democráticos, tudo é posto na mesa e analisado com cuidado. O panorama não é animador em termos analíticos frios, mas é um poderoso convite à reflexão. Funciona como um guia.
 
Como atento sociólogo, Bernardo Sorj constata que “vivemos em tempos incertos, em que os mapas cognitivos coletivos apresentam sintomas de falência”. Estamos numa “época de desencontro entre os indivíduos e a história, entre os percursos pessoais e os coletivos, caracterizada pelo sentimento de exclusão do processo de construção de um futuro comum, como nação e humanidade”.
 
Sua análise, porém, não se entrega ao realismo pessimista. Abre-se para uma busca consistente de imagens sustentáveis de futuro, sem as quais a vida se torna opaca e depressiva: “quando deixam de ter esperanças sobre o que virá, as pessoas se voltam para um passado idealizado; quando os partidos políticos não oferecem respostas, líderes políticos demagógicos que se apresentam como antipolíticos são glorificados; e quando as elites que personificavam os valores da razão são desacreditadas, a mentira e a ignorância são promovidas”. Não é difícil ver os efeitos mais perversos dessa situação.
 
“Em que mundo vivemos?” nos ajuda a descobrir o sentido da atual fase da experiência humana, dentro e fora do Brasil, ou seja, em nível nacional e internacional. Uma ótima leitura para os dias que estamos a atravessar.
 
O download do livro pode ser feito aqui.
http://www.plataformademocratica.org/Arquivos/Em_Que_Mundo_Vivemos.pdf

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