Combustão interna
Impulsionado pelo protagonismo raivoso e paranoico dos filhos de Bolsonaro, o governo parece disposto a atirar nos próprios pés, como se isso fosse prova de ousadia e destemor.
Impulsionado pelo protagonismo raivoso e paranoico dos filhos de Bolsonaro, o governo parece disposto a atirar nos próprios pés, como se isso fosse prova de ousadia e destemor.
O mais importante não foi a eleição de Davi Alcolumbre para presidir o Senado. Foi a qualidade do processo. Como se se estivesse em um circo, houve de tudo mostrando um padrão político lamentável.
Passados 27 dias de sua posse, o governo Bolsonaro não mostrou ter uma alma. Falta-lhe quase tudo: programa, projeto de País, discurso, comunicação, temperança, conhecimento do terreno, prudência, capacidade de articulação, quadros técnicos e políticos competentes.
Para as forças democráticas, a ideia de “centro” é preciosa, mas precisa ser qualificada com rigor. Sem isso, dificilmente exibirá face rejuvenescida e não conseguirá se desvencilhar do que já se tentou fazer no passado, sem grande sucesso. Terá reduzido poder de sedução
Uma nova política externa deveria se apoiar no que serviu de base para a construção do Estado nacional, não no desejo de contrastar as diretrizes que imputa a seus adversários. Sem isso, desorganizará a diplomacia e deixará de defender o país
Os democratas precisam compreender onde erraram e refazer o caminho, valorizando o que foi conquistado de 1988 para cá. Devem ajustar o foco e voltar a agir. Pensar bem, ver o que é possível fazer, com serenidade e sem precipitação.
A sociedade se machucou muito com a disputa eleitoral. Foi intensamente pressionada pelos dois polos que chegaram ao segundo turno. Assustou-se, manifestou medo e preocupação, pôs para fora dúvidas e preocupações. Mas também extravasou esperanças e expectativas. Agora é o momento de baixar o fogo, reencontrar a tolerância e a gentileza,que se perderam durante a guerra.
O Brasil não terá como ser governado sem uma pacificação geral dos espíritos. O futuro será comprometido se perdermos a perspectiva da comunidade política democrática e continuarmos a alimentar divisões perfunctórias, a competição pelas migalhas do poder, a retórica de “guerra”.