A democracia desafiada
A democracia representativa está com dificuldade de acompanhar as mudanças aceleradas da vida moderna.
A democracia representativa está com dificuldade de acompanhar as mudanças aceleradas da vida moderna.
Em seu novo livro, o sociólogo nos convida a pensar sobre os efeitos que a “estatalização” teve na vida brasileira. A centralidade do Estado modelou a modernização e prolongou a subalternização das classes populares. Não foi organizada tão-somente pelas elites dominantes, mas também pelos atores que buscaram se apresentar como expressão da esquerda. A tutela do povo combinou-se ou com o autoritarismo dos tempos da ditadura, ou com políticas de clientela e assistencialismo em tempos de democracia.
Hoje, os que estiveram unidos décadas atrás se desuniram. Muitos se tornaram inimigos entre si. Amizades foram desfeitas como se nada tivessem significado, biografias foram reescritas, focos se alteraram. Os campos políticos se desorganizaram e a dissonância cresceu sem limite. Foi uma verdadeira obra de demolição. Empreendida não por ditadores, nem pelo “sistema”, mas pelos próprios protagonistas.