Será mesmo? Além dos consensos fáceis

O antídoto contra a dispersão e o voto nulo não é a candidatura de Lula, mas a capacidade de articulação dos políticos. Não é razoável dizer que milhões de brasileiros e brasileiras preferirão ficar em casa mastigando a decepção de não poder votar em Lula em vez de comparecerem às urnas.

Depois do julgamento

O desfecho do julgamento de Lula não gera mais indecisão do que já se tinha. Ao contrário, pode levar à recuperação de uma racionalidade reformadora – típica do reformismo democrático — que estava perdida. Não retira credibilidade do processo eleitoral de 2018: pode valorizar as escolhas eleitorais, chamar os cidadãos para a esfera pública e instituir uma relação de novo tipo com o Estado e a comunidade política.

Um julgamento para flertar com a História

A melhor condenação que Lula poderia receber seria mesmo nas urnas: o povo desconstruindo o mito, mostrando ter assimilado a mensagem da Lava Jato, fazendo livremente suas escolhas. Mas, caso venha a concorrer estando condenado judicialmente, o precedente mostrará que a Justiça não tem força moral e institucional para controlar os demais poderes, que não há mais o império da lei, que a própria lei não vale para todos.

A esquerda que não merecemos ter

A convicção cega embota as mentes, a superficialidade do diagnóstico agita, mas não consegue esclarecer nem ativar um verdadeiro programa de luta e transformação. Vai-se por inércia, repetindo chavões e slogans fáceis, que se derramam como água, a um ponto em que tudo se converte em senso comum.

Polarizações destrutivas

Com mais polarizações, aumenta a tentação de enquadrar tudo em esquemas binários. A luta ideológica radicalizada deixa de lado o diagnóstico em benefício da agressividade verbal, do ardor retórico, do exagero performático. Para que tenha efeito, tudo é simplificado ao extremo, vira coisa plana, rasteira.

Um depoimento para a história que um dia se contará

Palocci cruzou o Rubicão: tornou-se um acusador. É assim que está tentando assinar seu próprio pacto com Moro. Sendo ele quem é, sabe que precisará derramar muito sangue para obter algum tipo de benefício expressivo. Terá de entregar mais coisas, valorizar o próprio passe.