Ruas polarizadas
Com bandeiras comuns ao campo democrático, um espírito revanchista e hostil à política desceu às ruas no domingo 26 de maio. Sua marca registrada é a confusão.
Com bandeiras comuns ao campo democrático, um espírito revanchista e hostil à política desceu às ruas no domingo 26 de maio. Sua marca registrada é a confusão.
Falta ao governo um bom ministério, capacidade de articulação política e liderança. A hostilidade como procedimento agita, mas não o faz governar. Leva-o a derrubar pontes e a criar desertos por onde passa.
O bolsonarismo é antes de tudo um sentimento, que se alimenta da desorganização dos cidadãos, do ressentimento, da sensação social de que não se pode confiar nos políticos. Por isso, vive nas redes, onde pode exibir uma força de que não dispõe.
Weintraub alega estar sendo “moído” pela opinião pública. Na verdade, paga o preço da incúria, do obscurantismo e da falta de propostas. Terá de comparecer ao Congresso para dar explicações. Poderá sair de lá ainda mais desgastado.
Política é divergência, mas há nela um vórtice que aproxima as pessoas umas das outras. Descalabros governamentais fazem com que os pedaços que antes se combatiam entre si percebam que o Mal está em outro local
Governo Bolsonaro ameaça, mas não sabe o que fazer com as universidades. Sua brutalidade está a destruir o pouco que já se construiu no País em termos educacionais. Semeia pânico e confusão, mas esbarrará na lógica dos fatos e na resistência de professores e estudantes.
A obra da redemocratização está sendo dilapidada. Chegamos a um ponto em que nos falta o fundamental: unidade política, consensos democráticos, responsabilidade cívica e boas estruturas de ação.
Ao substituir Vélez por Weintraub, Bolsonaro escolheu alguém com a mesma afinação ideológica e disposição para o confronto. Recusou-se a buscar interlocução com os agentes educacionais e os técnicos do MEC, que compreendem a dimensão estratégica da educação.