Desistência de Joaquim não diminui divisão dos democratas
É um bom momento para que se tente dar destaque ao que une os cidadãos que se põem no território da democracia política, hoje ocupado por liberais, conservadores, socialistas e comunistas.
É um bom momento para que se tente dar destaque ao que une os cidadãos que se põem no território da democracia política, hoje ocupado por liberais, conservadores, socialistas e comunistas.
O mal-estar institucional, porém, é real. Hoje, no Brasil, o sistema vive numa espécie de “caos estável”: funciona, mas está cheio de problemas e gera pouca adesão cívica. Os cidadãos “obedecem” às regras instituídas, mas fazem isso por “gratidão” ou receio da punição, não por algum critério racional de “respeito” ou “apreço”.
Consensos “constituídos” na sociedade civil podem ajudar a que se construam consensos “racionalmente possíveis” na sociedade política. A postura realista e as ferramentas da teoria política são úteis para a compreensão da realidade.
Preso ou solto, Lula continuará vivo. Não há como ser sumariamente descartado da política brasileira. Há muitos recursos que podem ser mobilizados em termos simbólicos, ideológicos, organizacionais e partidários para mantê-lo ativo, seja como fator de interferência na política, seja como mito, herói ou mártir.
A política não está conseguindo coordenar a si própria e articular o social. A crítica democrática foi substituída pelo ressentimento, pela indignação moral, pela intransigência, pela intolerância. A incapacidade reflexiva faz com que os partidos não consigam processar intelectual e politicamente o mundo em transformação e se deixem encantar pelos enigmas que não conseguem decifrar.
Poderes divididos e desnorteados são poderes inoperantes, expostos e devassáveis. Quando um poder como o Judiciário entra em crise e se despedaça, torna-se uma ameaça para a sociedade. Em vez de protegê-la e convidá-la a respeitar a lei, converte-se em agente da corrosão ética que ameaça devorar a convivência entre os cidadãos
O país conhece inédita elevação da temperatura política. O período pré-eleitoral turbina tudo, mas também há coisas mais profundas e perturbadoras por baixo dele. Deste subsolo tóxico sobem gases que envenenam o debate político e desafiam a democracia, arrastando as eleições para uma zona de risco.
Se Huck quer mesmo se colocar a serviço de uma causa, poderia começar do começo, amassando barro e sujando as mãos. Não precisaria fazer uma “carreira”, ser vereador, deputado, senador. Bastaria que mergulhasse na política, dominasse suas idiossincrasias, conhecesse seus atalhos e seu modus operandi.