Realismo incremental
Para Paulo Fábio Dantas Neto, os problemas políticos que temos “estão em softwares, não no hardware”. O importante é não perdermos as âncoras.
Para Paulo Fábio Dantas Neto, os problemas políticos que temos “estão em softwares, não no hardware”. O importante é não perdermos as âncoras.
Sem o PSDB em boas condições, e com os demais partidos enfraquecidos como estão, diminuem as chances de que se possa ter, em 2018, um polo democrático que impulsione um bom debate democrático e articule uma saída mais razoável para o país. A macro-polarização que se anuncia ganhará contornos catastróficos.
Candidatos inventados são como ilusões óticas. Mostram coisas que não vemos, que não existem ou estão distorcidas. Criam mil sensações, impostas pela “astúcia” das imagens, e em algum ponto da curva se desfazem.
Unam-se os democratas, porque se não o fizerem a desesperança cívica corroerá os laços já débeis que ligam a sociedade à política. Os cidadãos fugirão da democracia representativa. Os autoritários avançarão, as soluções mágicas saltarão como perdigotos de ouro da boca dos salvadores de plantão, que não se pejam de chorar lágrimas de crocodilo em público e de posar de vítimas impolutas. Façam com que importe menos o que os divide e deixem tremular mais alto a bandeira da democracia, que generosamente os abrigará a todos.
Não há reforma política que possa reduzir o nível de desentendimento em que se vive hoje, tanto no âmbito do antagonismo político imediato quanto no âmbito social mais amplo. Está difícil imaginar como é que o País encontrará eixo.
A revista “Temas” teve duas fases. Na primeira, foi fortemente metodológica, buscando um espaço para fazer a crítica teórica e valorizar o marxismo “ortodoxo”. A segunda fase foi mais política, preocupada em fazer com que a revista expandisse seu programa de trabalho e confluísse para a luta democrática.
Cenários sempre apresentam riscos e incertezas. Alguns são mais razoáveis do que outros. Podem ser mais amplos ou menos, assim como contemplar os interesses gerais em maior ou menor medida. Alguns nos levariam mais longe do que outros. Seus efeitos são difíceis de serem prognosticados.
Hoje, os que estiveram unidos décadas atrás se desuniram. Muitos se tornaram inimigos entre si. Amizades foram desfeitas como se nada tivessem significado, biografias foram reescritas, focos se alteraram. Os campos políticos se desorganizaram e a dissonância cresceu sem limite. Foi uma verdadeira obra de demolição. Empreendida não por ditadores, nem pelo “sistema”, mas pelos próprios protagonistas.