A frente em favor de Haddad
Não se trata de “fazer autocrítica” ou pedir desculpas pelos erros cometidos. Mas de mostrar humildade e intenção sincera de contribuir para que os democratas se aproximem entre si e deixem de ser combatidos como inimigos
Não se trata de “fazer autocrítica” ou pedir desculpas pelos erros cometidos. Mas de mostrar humildade e intenção sincera de contribuir para que os democratas se aproximem entre si e deixem de ser combatidos como inimigos
A pregação bolsonariana valeu-se da efervescência de certas vertentes que agitaram os rios subterrâneos da sociedade. Soube perceber o efeito político-eleitoral delas e as manipulou com eficácia.
Não houve esforço pedagógico das campanhas para chamar os cidadãos a um voto qualificado. Arrastada pelos embates políticos, pelos conflitos morais, pela recessão econômica e pelas mudanças no mundo do emprego, a sociedade ficou desorientada.
A direita extrema e a radicalização da esquerda encurralaram a esquerda moderada – social-democrática, reformista, socialista, liberal-socialista –, impedindo-a de marcar posição. O desentendimento e a intolerância aumentaram
O modo como avançou a disputa indica que o próximo ciclo não será produtivo. As campanhas deseducam a população, fazendo com que os eleitores sejam induzidos a acreditar que do céu cairá uma chuva de fartura ou o fim da bandidagem e da corrupção.
Estratégia lulista traz desconforto a lideranças jovens e talentosas como Manuela e Haddad, que se rebaixaram aos desígnios partidários e a orientações que engessam a esquerda de um modo que se imaginava superado
O Brasil entrou no século XXI convencido de que o pior havia ficado para trás. Aos poucos foi ficando claro que as coisas não eram tão simples. Um caminho socialdemocrático poderia ter sido adotado. De uma eleição a outra, porém, tucanos e petistas se dedicaram a uma obra de destruição recíproca.
Preso ou solto, Lula continuará vivo. Não há como ser sumariamente descartado da política brasileira. Há muitos recursos que podem ser mobilizados em termos simbólicos, ideológicos, organizacionais e partidários para mantê-lo ativo, seja como fator de interferência na política, seja como mito, herói ou mártir.