A tragédia da comunicação política

Os políticos têm votos, mas nem todos se valem deles para honrar o mandato recebido. As maçãs podres contaminam todo o cesto, fazendo com que a taxa de lealdade aos políticos fique dramaticamente declinante. Muitos são abandonados pelos eleitores no momento seguinte à consagração nas urnas.

De volta à rotina

O governo Temer é fraco, não entusiasma nem inspira confiança. As pessoas percebem isso e estão ao menos por ora imunizadas contra o discurso oficial. A corrupção que o atravessa aprofunda a fraqueza e deixa um flanco aberto para que o governo seja desprezado.

Cenários alternativos e uma articulação ausente

Cenários sempre apresentam riscos e incertezas. Alguns são mais razoáveis do que outros. Podem ser mais amplos ou menos, assim como contemplar os interesses gerais em maior ou menor medida. Alguns nos levariam mais longe do que outros. Seus efeitos são difíceis de serem prognosticados. 

Jornalismo, política e interesses materiais

Quando órgãos de imprensa tomam posição, não estão em jogo somente os interesses econômicos das classes de que fazem parte seus proprietários. Entram em cena outros aspectos, importantes e eventualmente decisivos.

Redes virtuais e pós-verdade

Redes virtuais podem ser tóxicas. Podem criar dependência e extrair o pior de cada um de seus frequentadores, fazendo com que venham à boca o fel da amargura e o sangue da vingança. A desmontagem desse quadro será complexa e só avançará na medida em que avançar a educação e se formar uma nova cultura de massas.

A outra volta do parafuso

Nem tudo está entregue a operadores ilícitos, a conservadores reacionários e a mascarados treinados para desmobilizar. Porque áreas saudáveis também se reproduzem, pulsam e resistem. Elas estão, porém, reprimidas e sufocadas pelo bate-cabeças generalizado, pelo silêncio das lideranças, pelos frêmitos da precipitação que excita, pela falta de diálogo construtivo entre as partes.

Sobre déspotas, populistas e demagogos: os arautos dos tempos atuais

Quando Berlusconi emergiu na cena política italiana, o filósofo Norberto Bobbio (1909-2004), um liberal-socialista então com mais de 80 anos, saiu em seu encalço. Escreveu diversos artigos para tentar entender o fenômeno e alertar a opinião pública. Viu Berlusconi como um autêntico ovo da serpente, do qual nasceriam demônios difíceis de serem controlados. Uma seleção desses artigos está agora no volume “Contra os novos despotismos. Escritos sobre o berlusconismo”, recém-publicado no Brasil.