Cenários alternativos e uma articulação ausente

Cenários sempre apresentam riscos e incertezas. Alguns são mais razoáveis do que outros. Podem ser mais amplos ou menos, assim como contemplar os interesses gerais em maior ou menor medida. Alguns nos levariam mais longe do que outros. Seus efeitos são difíceis de serem prognosticados. 

Jornalismo, política e interesses materiais

Quando órgãos de imprensa tomam posição, não estão em jogo somente os interesses econômicos das classes de que fazem parte seus proprietários. Entram em cena outros aspectos, importantes e eventualmente decisivos.

Redes virtuais e pós-verdade

Redes virtuais podem ser tóxicas. Podem criar dependência e extrair o pior de cada um de seus frequentadores, fazendo com que venham à boca o fel da amargura e o sangue da vingança. A desmontagem desse quadro será complexa e só avançará na medida em que avançar a educação e se formar uma nova cultura de massas.

A outra volta do parafuso

Nem tudo está entregue a operadores ilícitos, a conservadores reacionários e a mascarados treinados para desmobilizar. Porque áreas saudáveis também se reproduzem, pulsam e resistem. Elas estão, porém, reprimidas e sufocadas pelo bate-cabeças generalizado, pelo silêncio das lideranças, pelos frêmitos da precipitação que excita, pela falta de diálogo construtivo entre as partes.

Sobre déspotas, populistas e demagogos: os arautos dos tempos atuais

Quando Berlusconi emergiu na cena política italiana, o filósofo Norberto Bobbio (1909-2004), um liberal-socialista então com mais de 80 anos, saiu em seu encalço. Escreveu diversos artigos para tentar entender o fenômeno e alertar a opinião pública. Viu Berlusconi como um autêntico ovo da serpente, do qual nasceriam demônios difíceis de serem controlados. Uma seleção desses artigos está agora no volume “Contra os novos despotismos. Escritos sobre o berlusconismo”, recém-publicado no Brasil.

Desafios da reconstrução democrática da política

Três perigos rondam a reconstrução da República democrática no Brasil.

Um é o “acordão” que tanta gente saúda e alguns tentam viabilizar: um freio de arrumação, pelas costas da população, de modo a parar o carro da Lava Jato e a permitir que os grandes partidos (PT, PDMD e PSDB) consigam respirar. Seria como dizer que tudo não passou de um pesadelo, que a rotina continua na manhã seguinte, malemolente como sempre. De quebra, para não dar o braço a torcer, adotam-se algumas medidas cosméticas (cláusula de barreira e fim das coligações proporcionais, por exemplo), mas suspendem-se os constrangimentos sobre os políticos. Tudo, a rigor, fica mais ou menos como está. Passa-se um pano na trambicagem generalizada, perfuma-se o ambiente e toca-se em frente.Vida que segue.

Quando a política sangra a céu aberto

O fundamental e os nomes já eram conhecidos, circulavam há tempo. Mesmo assim a “lista de Fachin” causou enorme rebuliço e praticamente paralisou o País. Provou não só que os nervos estão à flor da pele, como que o universo político — todo ele, de cima a baixo, da esquerda à direita — ingressou em deterioração acelerada. “Septicemia republicana”, escreveu Vera Magalhães em sua coluna no Estadão de hoje. Imagem forte, mas fiel aos fatos.

O “estrago” passou agora a ser oficial. Inquéritos foram abertos contra oito ministros de Temer, 24 senadores, 40 deputados, três governadores. São 20 nomes do PT, 17 de PMDB, 13 do PSDB. Oposição e situação igualmente contempladas. Um alvoroço compreensível.