A revolução que fez o século XX
A Revolução Russa é parte da História dos nossos tempos. Ignorá-la ou desprezá-la em nome de uma polarização com a esquerda e o comunismo é expressão não só de intolerância, mas de regressismo intelectual.
A Revolução Russa é parte da História dos nossos tempos. Ignorá-la ou desprezá-la em nome de uma polarização com a esquerda e o comunismo é expressão não só de intolerância, mas de regressismo intelectual.
Não há um partido, ou uma coligação, que lidere e coordene, ainda que os maiores pretendam estar na direção. Em consequência, Temer apanha de todo lado, se recolhe, se finge de morto, mas segue no posto. Dentro dele, porém, reina o inferno.
A crítica a Temer deve ser bem calibrada. O presidente é produto do quadro político atual, que está majoritariamente ocupado por políticos imperfeitos. Alguns têm causas, outros se declaram responsáveis, mas há poucos que se dediquem a unir uma qualidade à outra.
Oliveiros não foi autor de “achados” ou um prisioneiro de modas e consensos fáceis. Muito ao contrário. Sua vigorosa interpretação do Brasil apoiou-se na reiteração coerente de algumas cláusulas pétreas: o Estado, a necessidade da ordem, o poder como posse de almas e recursos materiais, a dimensão psicossocial dos fatos políticos, o valor da ação organizada, o projeto nacional, a relevância da geopolítica e da sociologia.
Unam-se os democratas, porque se não o fizerem a desesperança cívica corroerá os laços já débeis que ligam a sociedade à política. Os cidadãos fugirão da democracia representativa. Os autoritários avançarão, as soluções mágicas saltarão como perdigotos de ouro da boca dos salvadores de plantão, que não se pejam de chorar lágrimas de crocodilo em público e de posar de vítimas impolutas. Façam com que importe menos o que os divide e deixem tremular mais alto a bandeira da democracia, que generosamente os abrigará a todos.
Edgard de Assis Carvalho acaba de lançar “Conexões da vida. Uma antropologia da experiência”. Li o livro assim que pude tê-lo em mãos, quase sem tomar fôlego. Emocionei-me muito, parei várias vezes para pensar, rememorar, rever a mim mesmo. Não me recordo de ter lido algo tão pungente e revelador.
Podemos achar o que quisermos do gesto de Antonio Palocci. Podemos chamá-lo de fraco, oportunista e traidor. Mas não temos o direito de achar que ele simplesmente mente e inventa coisas. Ao fazer o que está fazendo, paga o preço para expiar os próprios demônios.
A crise política atual é uma crise da política. Diz respeito a regras, sistemas e procedimentos, mas afeta hábitos, condutas e valores éticos com os quais se pratica, se pensa e se acolhe a política. Não se trata de um simples “defeito institucional”. Com tal magnitude, não pode ser vencida somente com reformas institucionais. Requer uma abrangente pedagogia democrática, que valorize a dimensão pública da vida e agite os humores sociais em sentido progressista, civilizador.